o caderno na espera, convida
Noite atrás, de repente o acordar fora de hora, remói problemas, histórias que estancam o sono, e o despertar é inevitável. O caderno, na sala ao lado, sempre à espera, um convite para compartilhar a dor. Como um ouvinte ou leitor, que não interrompe e recebe , só ouve e e divide cada conflito e incômodo que vai sendo liberado…
As palavras começam a jorrar, ideias, dores que estavam escondidas vão se enumerando em conclusões que só ali aparecem. Dores que até aqui passavam desapercebidas, mas que no silêncio da noite e no espaço das linhas aparecem com apelo de serem conhecidas e entregues naquele espaço.
Problemas solucionados? Não, apenas divididos, mas com a generosidade de poder me espalhar no papel.
Nessa hora, quem me acolhe é o meu caderno, grande companheiro, a velocidade com que escrevo não é a mesma da digitação, a fluidez é urgente. O teclado não tem para mim a mesma pressa… A necessidade de escrever cresce sem parar, como na adolescência, como quando a escrita só existia dessa forma. Aos poucos a angústia se acalma, a leveza a caminho vai esvaziando sentimentos de medo, impotência, o sono vai chegando devagarinho.
Depois de toda aquela pressa em expressar, toda entrega no caderno, já preenchido de conteúdos, densos, desorganizados para processar, ele, o caderno, não sabe se deve permanecer aberto ou se fecha em segredo guardando todos aqueles sentimentos e emoções. Timidamente se coloca no seu cantinho , como antes, sem entender o que fazer, espera.
Silêncio, não sabemos se estamos prontos para nos afastar, mais para ser dito? Ainda não sei. Minha companhia se enche de segurança, as linhas começam a se embaralhar, o cansaço aparece, o sono vem, e a calma vai invadindo , deixando leve o momento. A preocupação com o acordar logo mais faz nossa despedida. Já liberta do peso que me consumia, volto a dormir.
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