Nunca imaginei que minha mãe quebraria todos os ovos da dispensa da sogra recém - conhecida com o martelo de carne….
Minha mãe era calma, sensata tinha sempre um conselho apaziguador na ponta da língua, mas que não a tirassem do sério.
A sogra por sua vez, embaixo da capa de boa cristã, era avarenta a ponto de chegar a crueldade.
Minha mãe, viajou de navio para Recife com duas crianças pequenas para para conhecer os sogros, meu pai iria encontrá-los mais tarde e voltariam juntos.
Chegando lá, costumes diferentes, calor intenso , acolhimento frio , condições que já propiciariam uma relação tensa, a avareza da sogra, tornou-se a protagonista.
As crianças estranhando a viagem, lugar, a casa, a comida e até a água, não se alimentavam direito e estavam emagrecendo. Minha mãe contava os dias para a volta., e se preocupava com o bem estar dos filhos.
Para melhorar a alimentação das crianças pedia o que as crianças estavam acostumadas a comer, sem sucesso. Achou que poderia fazer ovos e cozinharia para eles… o que foi negado, não havia ovos e a comida feita era para todos.
O sogro vendo o desespero da nora, deu a chave da dispensa para minha mãe e disse, pegue o que precisar mas não diga nada sobre a chave…
Ficou agradecida, tinha um aliado! Ao entrar na dispensa, logo viu uma cesta de ovos na prateleira e não se controlou, quebrou um a um, menos os que os filhos precisariam. Saiu da dispensa com o que precisava , vingada, mas perturbada com sua reação. Se posicionou, deixou o recado.
Mais tarde, no jantar, os olhares se encontravam, sabedores do ocorrido, mas o assunto jamais foi abordado, sua estadia pouco confortável permaneceu , mas a apresentação de uma para outra aconteceu, de forma transparente. Minha avó? Nunca mais se impôs à ela.
A visita ficou na história.
Deixe seu comentário